E m meio à campanha contra o aumento dos combustíveis em Natal, a intimidação. O idealizador e coordenador do serviço @viacertanatal, que informa as condições do trânsito na cidade por meio do Twitter, Hudson Silvestre, recebeu ameaças através do microblog e chegou a ser agredido fisicamente na tarde de quarta-feira, quando foi surrado por um motoqueiro não identificado que o abordou enquanto Hudson registrava um acidente de trânsito na Avenida Lima e Silva. Foi o perfil Via Certa Natal que começou a campanha pela redução dos preços dos combustíveis no Twitter e criou a hashtag #combustivelmaisbaratoja, termo que alcançou mais de 28 mil replicações na rede, mantendo-se entre os termos mais comentados em todo o Twitter. Diante da coação e buscando se preservar, o tuiteiro publicou na Internet um aviso a seus seguidores no início da tarde de ontem comunicando que estava desistindo da campanha.
Em entrevista ao Diário de Natal, Hudson contou que a primeira ameaça chegou na manhã de quarta-feira, por meio de uma Direct Message (Mensagem direta) no Twitter que dizia: "Se a gente quebrar, vocês vão quebrar também". As ameaças teriam partido do usuário @terrornasbombas, que na tarde de ontem já havia sido excluído do site. O coordenador do Via Certa relata que no início da tarde, enquanto fazia fotos de um acidente ocorrido na Avenida Lima e Silva, foi agredido por um motoqueiro. Por conta de um AVC, Hudson tem dificuldade de locomoção e anda com o auxílio de muletas. "Ele começou a me dar murros e chutes e eu não tinha como me defender por conta da minha dificuldade de locomoção. Quem me ajudou foi o motorista do carro que estava envolvido na colisão", conta. Segundo ele, as únicas palavras que o motoqueiro falou foram "vagabundo tem que apanhar".
No entanto, as ameaças não pararam por aí. Quando acessou o Twitter do Via Certa, no fim do dia, a vítima se deparou com mais uma mensagem que dizia "O que aconteceu hoje foi só o começo, se vocês continuarem virá muito mais". Hudson prefere não acusar ninguém sobre a autoria da agressão física, mas garante que essa é a primeira vez que passa por uma situação de ameaça. "Fica difícil a gente falar 'foi esse ou aquele'. Acusar alguém ou algum órgão seria leviano", afirmou.
Após o fato, o Via Livre postou no Twitter: "Temos uma equipe de 6 pessoas circulando pela cidade com o uniforme do @viacertanatal, para preservar a nossa equipe do @transitonatal, @viacertanatal e @ViaCertaII vamos parar com a campanha #combustivelmaisbaratoja. Um membro da nossa equipe foi agredido ontem sem motivos e tbm recebemos ameaças via twitter. Pedimos o entendimento de todos e agradecemos o respeito pelo nosso trabalho", dizia a mensagem publicada na internet.
Intimidado, Hudson Silvetre conversou com sua equipe de trabalho do Via Certa e decidiu não registrar nenhum boletim de ocorrência. "Decidi não fazer nada porque temos uma equipe de seis pessoas que trabalham nas ruas, com camisetas que identificam o Via Certa, e todos nós estamos vulneráveis. Para resguardar nossa equipe não vamos levar isso adiante", disse.
Além disso, Hudson afirmou que não vai prosseguir com a divulgação da expressão "combustível mais barato já", embora seja possível que outros usuários o façam já que a expressão se tornou de domínio público. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, a expressão foi replicada no Twitter mais de 28 mil vezes desde o início da semana, mantendo-se entre os assuntos mais comentados no microblog.