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sábado, 12 de fevereiro de 2011

Um verdadeiro descaso no ITEP



A crise estrutural no Itep é séria. Até a tarde de ontem, o necrotério do local tinha 25 cadáveres e 20 ossadas na câmara fria e empilhados em gavetas no pátio. A alegação é de falta de vagas em cemitérios públicos, o que foi negado por parte da Secretaria de Serviços Urbanos de Natal (Semsur). Não bastasse o acúmulo de cadáveres, a única câmara fria está com defeito e não consegue manter a temperatura ideal. O resultado é o mau cheiro dos corpos já em estado de decomposição.
Sem espaço, corpos são deixados em gavetas no pátio do ItepDe braços cruzados desde a terça-feira (8), os funcionários do Itep seguem cobrando melhorias na estrutura do órgão e o pagamento das gratificações aos servidores que cumprem plantões. O necrotério é um dos setores que segue com as atividades transcorrendo, cumprindo o que determina a lei. Contudo, a estrutura do local, bem como dos demais setores do órgão, é precária.
Indignados com a acusação do Governo do Estado de que o Itep era uma “fábrica de plantões”, os funcionários reclamam que, ao contrário do que foi noticiado, os profissionais do Instituto trabalham com afinco e a despeito dos inúmeros problemas estruturais que o Itep possui. Um dos casos mais flagrantes é o do setor de odontologia legal, acusado pelo próprio Governo de ter plantões noturnos fantasmas. Para os profissionais, a informação não só é falsa como esconde as dificuldades com as quais eles lidam todos os dias. Câmara de refrigeração quebrada, falta de vagas nos cemitérios públicos, estrutura física inadequada, falta de equipamento e exames que demoram meses. Essa é, segundo os profissionais do setor de Odontologia Legal, a realidade do cotidiano no Instituto Técnico-científico de Polícia. “Divulgaram que somos 12 dentistas e na verdade somos oito, sendo dois por plantão. Estamos a disposição do órgão 24 horas por dia e realizamos um trabalho de suma importância, mesmo sem estrutura”, relata Dilana Penna Lima, chefe do serviço de Odontologia Legal.
O exemplo claro da dificuldade de conseguir trabalhar no Itep é a quantidade de corpos e ossadas acumuladas, à espera de sepultamento. Até ontem, os 25 cadáveres e 20 ossadas na câmara fria que está com defeito. Segundo Dilana Penna, todo esse material já foi analisado, mas sem vagas nos cemitérios ficam acumulados em condições precárias. “Da forma como o Governo falou, parece que a culpa por situações como essas é dos servidores, mas isso não é verdade. Esse prédio tem 30 anos, está pequeno para a atual demanda e falta equipamento”, diz a chefe do setor.
Por outro lado, a Semsur explica que não procede a informação sobre falta de vagas nos cemitérios. De acordo com a titular da pasta, Solange Ferreira, todas as solicitações que são feitas pelo Itep à Prefeitura com relação a sepultamentos são atendidas. “As vagas não sobram, mas sempre conseguimos fazer o reordenamento e, quando não há espaço, conseguimos túmulos em cidades vizinhas. Se há corpos no necrotério e não foram sepultados, é porque não houve a solicitação por parte do Itep”, garantiu a sceretária.
A câmara fria do órgão, originalmente utilizada para os corpos em estado de decomposição, está quebrada há 15 anos, segundo Dilana Penna. “Dessa forma, o trabalho do setor de odontologia precisa ser feito com urgência. Assim que chega um corpo em decomposição, precisamos fazer a análise, porque não tem onde guardar esse corpo”, explica.