O elo entre corpo e mente é um terreno em que muitos médicos, com o medo de se exporem ao ridículo, não ousam caminhar. Há séculos médicos reconhecem a existência do efeito placebo, sob o qual a ilusão de tratamento, tal como pílulas sem um ingrediente ativo, produz benefícios médicos reais. Mais recentemente, pesquisas respeitáveis demonstraram que aqueles que frequentemente experimentam emoções positivas vivem vidas mais longas e saudáveis. Esses têm menos ataques cardíacos, por exemplo, e também menos gripes.
No entanto, o por quê deste efeito só está sendo entendido aos poucos. Precisa-se de um experimento que destaque modos específicos e mensuráveis através dos quais tais emoções alteram a biologia de um indivíduo. E um estudo publicado no periódico Psychological Science, assinado por Barbara Fredickson e Bethany Kok da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, faz exatamente isso.
Dra. Fredrickson e Dra. Kok concentraram suas atenções sobre o nervo vago. Este nervo começa no cérebro e se estende, através de numerosas ramificações, por diversos órgãos torácicos e abdominais, inclusive o coração. Entre suas atribuições está enviar sinais a órgãos com ordens para desacelerar durante momentos de calma e segurança.
A mensuração de quão efetivamente o nervo vago está funcionando pode ser aferida mediante o monitoramento da taxa de batimento cardíaco de uma pessoa à medida que esta inspira e expira. Uma funcionamento adequado do nervo vago é refletido em um sutil aumento na taxa de batimento durante a inspiração, e uma sutil diminuição durante a expiração. A diferença gera um índica de tom vagal, e sabe-se que valor desse índice está conectado à saúde. Valores baixos, por exemplo, são ligados a inflamações e ataques cardíacos.
Dra. Fredrickson e Dra. Kock descobriram que o tom vagal aumentava de modo significante em pessoas que meditavam, e praticamente não se alteravam naqueles que não o faziam. Entre meditadores, aqueles que começaram o experimento com as maiores medições de tom vagal relataram os maiores aumentos em emoções positivas. Meditadores que começaram com pontuações particularmente baixas praticamente não exibiram tais alterações.
Se o mecanismo descoberto por Dra. Fredrickson e Dra. Kok, além de melhorar a saúde como um todo, ajuda a explicar o efeito placebo ainda está para ser investigado. Mas é possível que sim, porque parte desse efeito parece ser a sensação boa gerada pelo fato de estar sendo tratado.