O governo Dilma Rousseff é considerado ótimo ou bom por 48% dos brasileiros, segundo pesquisa CNI/Ibope divulgada ontem. Já o desempenho pessoal da presidenta é aprovado por 67% dos entrevistados. Em relação à pesquisa do Ibope feita no final de março, também encomendada pela Confederação Nacional da Indústria, houve uma queda de oito pontos porcentuais na parcela da população que considera o governo ótimo ou bom. O índice de ruim/péssimo, por sua vez, subiu de 5% para 12%.
Diferentemente do Ibope, pesquisas feitas pelo instituto Datafolha no início de março, junho e agosto registraram estabilidade na avaliação positiva da administração (47%, 49% e 48% de ótimo e bom, respectivamente).
Isso indica que o levantamento de março do Ibope registrou um pico atípico de aprovação ao governo e à presidenta. A pesquisa foi feita logo depois da visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao Brasil. Na época, elogios públicos do norte-americano a Dilma tiveram grande exposição na mídia.
Do final de março para cá, a presidenta passou por escândalos e crises que culminaram na queda dos ministros Antonio Palocci (Casa Civil) e Alfredo Nascimento (Transportes). Nelson Jobim, da Defesa, também perdeu o cargo após criticar colegas do ministério em uma entrevista. No caso dos Transportes, a "faxina" promovida pelo Palácio do Planalto resultou na demissão de cerca de 20 funcionários supostamente envolvidos em irregularidades.
O último escândalo do governo - a recente prisão de dezenas de servidores do Ministério do Turismo, acusados de fraudar um convênio - não teve seus efeitos medidos pela pesquisa, pois ocorreu depois da realização das entrevistas. Foram ouvidos 2 002 eleitores, em 141 municípios, entre os dias 28 e 31 de julho
Setores, Apesar de o governo como um todo ser mais aprovado que desaprovado, o mesmo não se verifica quando os entrevistados respondem sobre nove áreas específicas da gestão. Em sete desses tópicos, o número de eleitores insatisfeitos supera o de satisfeitos.
É o caso, por exemplo, da política de combate à inflação, desaprovadas por 56% e aprovadas por 38%, e da política de juros (63% e 29%, respectivamente). As únicas áreas em que o governo é majoritariamente aprovado são o combate à fome e à pobreza (57%) e o meio ambiente (52%).
Os números da atual presidenta no Ibope são semelhantes aos obtidos por seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, ao completar pouco menos de seis meses do primeiro mandato.
Na época, também segundo pesquisa encomendada pela Confederação Nacional da Indústria, o desempenho pessoal de Lula era aprovado por 70%, e o governo era considerado ótimo ou bom por 43%. No caso de Dilma Rousseff, essas taxas são, respectivamente, de 67% e 48%.
Estilo centralizador explica redução de popularidade
São Paulo (AE) - Uma das razões que explicam a queda na avaliação positiva da presidenta Dilma Rousseff e de seu governo - de acordo com pesquisa CNI/Ibope houve um recuo de 56% para 48% na avaliação de seu governo, na comparação com mostra realizada em março, e de 73% para 67% na aprovação pessoal, no mesmo período em análise - é o modelo que ela vem adotando para governar: um estilo centralizador e sem espaço para uma interlocução maior com a população. A análise é do especialista em pesquisa eleitoral Sidney Kuntz , compartilhada pelo cientista político e pesquisador da PUC e FGV de São Paulo, Marco Antônio Carvalho Teixeira.
Na opinião de Kuntz, a pesquisa divulgada ontem pela CNI/Ibope reflete que Dilma vem se distanciando da imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que batia recordes de popularidade, mesmo em tempos de crise, por causa de seu canal direto com a população. "Obvio que ela não é o Lula, mas não pode também ser uma espécie de presidente da área de recursos humanos, cuja função é demitir; não pode governar só no gabinete, precisa de uma interlocução maior com a população, até mesmo para explicar as razões da limpeza que vem fazendo em seu ministério", diz Kuntz.
Para Carvalho Teixeira, a queda registrada na avaliação pessoal e no governo Dilma Rousseff já era prevista, em razão da sucessão de escândalos que atingiram a sua administração. Apesar disso, ele concorda que a presidenta não estabeleceu um canal de interlocução com a população, mesmo tendo dado respostas rápidas nessa crise, com a faxina que implementou. "O carisma do Lula faz diferença nessa hora", destaca.
O pesquisador da PUC e FGV de São Paulo avalia ainda que a queda na avaliação pessoal de Dilma e de seu governo poderia ser ainda maior se os reflexos da crise global tivessem atingido mais fortemente a nossa economia. "O que segura é a economia. Contudo, é preciso ficar atento para os desdobramentos da crise econômica mundial e da turbulência na política interna. O governo deve navegar por mares turbulentos daqui pra frente e Dilma tem de demonstrar habilidade pra isso." Um aspecto positivo neste cenário, no entender de Carvalho Teixeira, é a presença de um vice-presidente do PMDB, "que ajuda no quesito governabilidade".
Sidney Kuntz também acredita que Dilma terá de enfrentar dias difíceis pela frente. "Temos um cenário externo muito volátil e a situação dela poderá se complicar se tiver de adotar as chamadas medidas amargas. Além disso, no aspecto político, ela precisa de um núcleo mais forte para fazer a articulação", destacou.
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
Ibope aponta queda na aprovação
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Fonte: Tribuna do Norte