A chegada de gigantes multinacionais do ramo do 'atacarejo' - misto de atacado e varejo - no Rio Grande do Norte parece não ter intimidado a Uvifrios Atacado, único grupo potiguar a atuar no ramo. A empresa inaugura a quarta unidade da rede no próximo sábado, na avenida Tomaz Landim, na Zona Norte de Natal, e anuncia a construção da quinta, com inauguração prevista para o primeiro semestre de 2012. A quarta unidade custou R$ 8 milhões e emprega 125 pessoas. A quinta, que deverá ser construída na BR101, próxima ao concorrente Sam's Club, do Walmart, custará R$12 milhões e vai gerar outros cerca de 250 postos de trabalho. Os investimentos foram detalhados ontem.
alex régis
Loja na Zona Norte, a quarta da rede atacadista no Estado, consumiu R$ 8 milhões em investimentos e deverá gerar 125 empregos
A inauguração da unidade da Zona Norte será a primeira em três anos. A última inauguração ocorreu em 2009. Além da nova unidade, há outras três - uma em Parnamirim, outra no centro de Mossoró e outra na Ceasa, em Natal. O grupo existe há 13 anos e foi criado para atuar apenas no atacado. "O mercado de distribuição passou por mudanças". E várias redes tiveram de mudar de estratégia. A Uvifrios foi uma delas. Hoje, atua no ramo do 'atacarejo', um misto entre atacado e varejo. Neste novo modelo, a unidade vende tanto para empresas (atacado) quanto para consumidores finais (varejo). A nova loja, a maior do grupo, venderá 4 mil itens e contará com uma alameda de serviços, incluindo, entre eles, uma agência lotérica, e galeria com 10 lojas. "Nós concorremos com empresas que tem um poder de barganha muito grande. Este é o nosso maior desafio", afirma Herculano. A política de expansão adotada pela Uvifrios mostra que o grupo potiguar não sucumbiu à pressão exercida pelas grandes multinacionais instaladas no RN. Dentro do estado, o grupo compete com companhias de peso como o Carrefour, segunda maior rede varejista do mundo e segunda maior do Brasil, e Walmart, maior varejista nos Estados Unidos e terceira maior do Brasil. A Uvifrios perde em poder de barganha, por comprar em menor quantidade, admite Herculano Azevedo, diretor do grupo, mas ganha, segundo ele, em atendimento humanizado e na diferenciação do serviço. "Buscamos um atendimento mais caloroso, dispomos de embalagens e embaladores e, por exemplo, fatiamos os frios (queijo e presunto)", resume. O empresário sabe, no entanto, que na luta entre Davi, o jovem pastor de ovelhas, e o gigante Golias, é necessário muito mais que uma pequena pedra. Expansão do mercado serviu de estímuloA escolha da Zona Norte para a implantação da quarta unidade da Uvifrios, segundo Herculano Azevedo, tem uma razão óbvia. "Segundo o último censo, a Zona Norte foi a região que mais cresceu do ponto de vista demográfico e econômico", justifica. Nos últimos anos, o número de habitantes da área subiu, e a renda mensal também, despertando o interesse dos investidores e atraindo empresas como o Atacadão, um dos principais concorrentes do grupo potiguar. A região também ganhou dois shoppings, empreendimentos imobiliários e se prepara para sediar seu primeiro cinema. Alvo de reclamação dos moradores, que sofrem com os constantes congestionamentos, o fato de a Zona Norte só ter duas saídas também é considerado um ponto positivo pelos empresários. Quem mora na Zona Norte dificilmente atravessará a ponte para comprar produtos ou serviços em outro região, caso encontre tudo lá, apostam. Na opinião do economista Marcos Guedes, isso favorece o crescimento 'endógeno' da região (quando ela cresce dentro dela). Mas apesar da quantidade de empresas que se instalaram na região nos últimos anos, a área ainda carece de unidades de atacado e varejo, na opinião do economista. Herculano Azevedo, da Uvifrios, concorda. "A região é bem servida em algumas atividades. Em outras não". O Atacadão, primeira unidade de 'atacarejo' a aportar na zona Norte, segundo ele, não atende toda a região. A exemplo do que já vem ocorrendo, a região atrairá ainda mais investimentos privados com a construção do Aeroporto de Passageiros e Cargas de São Gonçalo do Amarante, antevê Marcos Guedes. "O eixo empresarial se deslocará para lá e aquela região vai se encher de negócios", afirma.
