A presidenta Dilma Rousseff (PT) e o vice-presidente Michel Temer (PMDB) começaram a semana dispostos a mostrar que está tudo bem entre os dois. Ontem de manhã, antes de embarcar para o Uruguai, a presidenta fez questão de posar para foto ao lado de Temer, na Base Aérea de Brasília. Foi a primeira vez que os dois foram vistos juntos depois de ter vindo a público o mal-estar causado pela aprovação do Código Florestal na Câmara, uma derrota política para a presidenta.
A foto foi feita pela Presidência da República, que registrou a passagem do cargo de presidente em exercício a Temer, mas não conseguiu arrancar sorrisos dos dois. Sobre o que conversaram, foi divulgado apenas que falaram sobre os conflitos fundiários que levaram à morte de quatro agricultores na semana passada na Região Norte. Temer saiu dali para comandar uma reunião de emergência sobre o assunto.
Mais tarde, Temer garantiu que o mal-estar entre ele e o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, é coisa “do passado”. Semana passada, quando deputados discutiam antes de votar o Código Florestal, Palocci ligou para Temer e disse que a presidenta iria demitir ministros do PMDB caso o partido desobedecesse sua ordem de votar contra a emenda 164, que, para Dilma, anistia desmatadores — o governo tem seis ministros do PMDB. Houve bate-boca, o partido desobedeceu a determinação, e seguiram-se dias de desconforto.
Agora, a preocupação é restabelecer a paz. Dilma e Temer devem ter novo encontro hoje e, para amanhã, está previsto almoço da presidenta com a bancada do PMDB no Senado, onde o novo Código será votado. Também será preciso restabelecer a crença de que ela é capaz de contornar sua primeira crise política. Ainda na semana passada, com Palocci sendo alvo de denúncias de que seu patrimônio aumentou 20 vezes em 4 anos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma reunião para tentar conter a crise, o que foi considerado desrespeito a Dilma. A Ordem dos Advogados do Brasil sugeriu ontem que Palocci se licencie até as denúncias serem investigadas.
Com o colega uruguaio, só carinho
Na visita que fez ao Uruguai ontem, Dilma Rousseff passou apenas algumas horas no país e foi ciceroneada pelo presidente José Mujica. Acompanhada por oito ministros brasileiros, Dilma foi diretamente para o Laboratório Tecnológico do Uruguai (Latu). Lá, inaugurou um laboratório de TV digital que vai capacitar mão de obra com equipamentos doados pelo Brasil, avaliados em US$ 600 mil. Dilma anunciou que a reativação da ligação ferroviária entre os dois países deve ocorrer até o fim do ano e que uma linha de transmissão de energia será construída até 2013.
