Pré-candidato à prefeitura de Natal para as eleições de 2012, o deputado estadual Fernando Mineiro (PT) descartou, em entrevista ao Diário de Natal, o apoio do PT a uma possível candidatura do ex-prefeito Carlos Eduardo Alves (PDT). Mineiro disse que o partido já decidiu lançar candidatura própria no próximo pleito. Ele adiantou que já trabalha seu nome internamente e em setores da sociedade. O petista comentou sobre sua atuação na Assembleia Legislativa, garantindo que terá uma postura semelhante a da legislatura passada, apesar de agora integrar o grupo de oposição ao governo. O deputado também criticou o início de gestão da governadora Rosalba Ciarlini (DEM). Para ele, a gestora precisa mostrar logo a que veio, pois "o discurso de herança maldita tem prazo de validade". Confira a entrevista:
A deputada federal Fátima Bezerra (PT) já afirmou que não tem qualquer pretensão de ser candidata novamente à prefeitura de Natal. Com isso, seu nome passa a ser o mais cotado, dentro do PT, para a disputa. O senhor se sente preparado para a disputa e pretende enfrentar esse desafio?
Eu me sinto preparado e vou me preparar mais ainda. Tenho dialogado, ouvido, conversado com vários setores da sociedade sobre os problemas da cidade. Os problemas de saúde, de mobilidade urbana, educação, políticas públicas, estrutura urbana, finanças, enfim, vários pontos. Tenho feito isso e discutido com o partido sobre esses temas também. Penso que temos que fazer um movimento de união partidária. Da minha parte, me sinto em condições de assumir esse desafio e quero me preparar mais. Tem muita coisa para aprender, buscar, conhecer. Sinto-me razoavelmente conhecedor dos problemas da cidade, mas a cada dia que passa aparecem novas informações. Tenho visitado vários pontos da cidade. Tenho feito contato com várias pessoas em vários setores. Tenho assuntado. Se o PT me escolher, quero estar em sintonia com os anseios da população, sem demagogia.
Por que ser candidato?
Queremos resgatar a capacidade administrativa de Natal. Nós estamos vivenciando um caos administrativo nunca visto na história da cidade. As pessoas querem uma solução. Eu acredito nessa solução. É preciso ter vontade e gestão para resolver.
Comenta-se que, para as eleições de 2012, o senhor poderia ser vice de Carlos Eduardo. Existe essa possibilidade?
Não existe essa possibilidade, pois o Partido dos Trabalhadores já decidiu que vamos ter candidatura própria em 2012. Vamos trabalhar. Se o PT escolher o meu nome, assumirei com muita honra a campanha. Caso isso não aconteça, apoiarei o nome do partido. Mas essa equação não tem como acontecer.
Deputado, o senhor, nesta legislatura, será uma figura de oposição. Depois de atuar oito anos defendendo o governo, como será essa mudança de atitude?
Continuarei o meu mandato da mesma forma, em defesa da ética, da honestidadee da transparência dos gastos com dinheiro público. Vou me posicionar com embasamento político e técnico, diante das matérias que forem apresentadas e buscar atender às demandas da sociedade. Então, independente do alinhamento político, se é com a situação ou com a oposição, os princípios que me norteiam na vida pública são os mesmos. Evidentemente que a sociedade nos colocou na oposição. Faremos oposição ao DEM. Vamos então fiscalizar, reivindicar e debater não temas particulares, mas que representem os anseios da sociedade.
Como o senhor vê esses primeiros meses de administração da governadora Rosalba Ciarlini?
Até o momento, o governo do estado tem colocado toda sua energia para criticar o governo passado, o que, infelizmente, faz parte da dinâmica política do Brasil como um todo. Nos outros estados ocorre isso também. Basta que a oposição ganhe a eleição e assuma o poder. Então o governo tem se dedicado somente a isso. Não tem novidade. O marco do governo pra mim foi a leitura da mensagem que a governadora fez na Assembleia Legislativa. Ali, o conjunto das ações apresentadas são todos projetos que já estão em andamento ou estavam em andamento no governo passado. Estamos aguardando ainda os 100 dias regulamentares para saber qual será a cara desse governo. A população tem uma grande expectativa. Esse foi um governo que ganhou as eleições no primeiro turno. Isso mostra a expectativa que se criou. Da minha parte, cabe torcer para que cumpra com essa expectativa, fiscalizar, cobrar e apresentar as sugestões que eu ache que deva apresentar.
Então o senhor acha que falta um plano de governo, com propostas novas?
É evidente que falta um plano de ações. Eu esperava que viesse durante a leitura da mensagem anual. Não veio. Estamos aguardando ainda. Espero que ela apresente as inovações que irá fazer em cada uma das áreas. Até porque a atitude política de apenas e tão somente olhar para o retrovisor tem prazo de validade. A população vai começar a questionar. Ninguém aceita esse tipo de argumento o tempo todo. Os alunos precisam ir para a escola, mas faltam professores. Temos os problemas da saúde, como o agravamento da dengue. Os problemas com a segurança. Então, todos os problemas para os quais Rosalba prometeu apresentar soluções na campanha do ano passado estão aí. A população vai cobrar. O governo precisa deixar o discurso genérico de culpabilidade e mostrar para que veio. Foi para isso que a população a elegeu. Estamos esperando quais serão suas ações administrativas, pois o tempo de promessa foi a campanha, que já passou.
Só nesses dois primeiros meses de gestão de Rosalba, o Rio Grande do Norte recebeu a visita de cinco ministros e a governadora já esteve com a presidente Dilma Rousseff (PT) em duas oportunidades. Isso cria uma boa expectativa para o relacionamento entre o governo do estado e o governo federal?
A expectativa que se faz é que se deve ter um relacionamento bom entre os governos independente de qual partido seja o governante. Assim foi no governo Lula e assim será no governo Dilma. O PT age republicanamente. Não discrimina nenhum governante por causa do seu partido. A presidente vai continuar a ter essa relação republicana com todos os federados, que sejam os estados ou os municípios. Então, não existe nenhuma diferença no tratamento entre Rio Grande do Norte, Bahia, São Paulo e os demais estados. O que é admirável é isso impressionar, causar estranheza. Essa relação tem que existir.
O senhor vai cobrar, então, que a governadora tenha a mesma postura em relação aos prefeitos?
Eu já cobrei e aguardo que o governo do DEM trate os prefeitos que não o apoiaram da mesma forma como vem sendo tratado pelo governo federal, ou seja, sem discriminação. Afinal, ela não é governadora só dos que a apoiaram, mas de todo o Rio Grande do Norte. Essa relação republicana é o que esperamos da governadora.