O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci será o chefe da Casa Civil do governo de Dilma Rousseff. Coordenador da equipe de transição, Palocci foi convidado pela presidenta eleita, na quarta-feira, a assumir a pasta que já foi comandada por ela. Resistiu um pouco, pois preferia um ministério de menor visibilidade, mas aceitou a tarefa após longa conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ao assumir a Casa Civil, ministério responsável pela coordenação do governo, Palocci será definitivamente reabilitado na cena política. Fiador do rumo econômico no primeiro mandato de Lula, o então comandante da Fazenda foi abatido em março de 2006, no rastro do escândalo da quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo. No ano passado, porém, Palocci foi inocentado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Dilma havia planejado desidratar totalmente a Casa Civil - alvo de sucessivas crises nos últimos anos - mas mudou de ideia. Embora mais enxuta e sem projetos vistosos como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que serão transferidos para o Ministério do Planejamento, a Casa Civil continuará forte e seu titular, o capitão do time. Entre suas várias atribuições, Palocci fará dobradinha com a Secretaria das Relações Institucionais na articulação política e cuidará da interlocução com governadores e prefeitos, além da reforma tributária.
Em conversas reservadas, Dilma já avisou que não quer saber de primeiro-ministro à sua volta. No primeiro mandato de Lula, esse carimbo pertencia a José Dirceu, que caiu na esteira da crise do mensalão, em 2005, e não queria que Palocci sentasse em sua antiga cadeira.
Secretaria geral
Secretaria geral
O novo núcleo duro do Palácio do Planalto, de perfil “lulista”, também abrigará Gilberto Carvalho, atual chefe de gabinete do presidente Lula, na Secretaria-Geral da Presidência. Carvalho e Luiz Dulci, que hoje ocupa a pasta, são os únicos sobreviventes do antigo grupo de conselheiros do atual governo.
Ao menos por enquanto, a Secretaria-Geral não mudará totalmente de perfil e continuará cuidando da relação com os movimentos sociais.
Convites
Convites
Alexandre Padilha, titular da Secretaria de Relações Institucionais, deverá continuar no mesmo posto, mas Dilma ainda não bateu o martelo sobre o destino de Paulo Bernardo, hoje ministro do Planejamento.
A presidenta eleita convidou Bernardo, na quarta-feira, para comandar o Ministério da Previdência Social. Disse a ele, no entanto, que pode levá-lo para o Planalto, se tiver de fazer algum arranjo de última hora no xadrez ministerial.
Já o novo chefe de gabinete de da presidente eleita será Giles Carraconde Azevedo, que cuida de sua agenda desde a época em que Dilma era secretária de Energia, Minas e Comunicação do Rio Grande do Sul.
Dilma prepara “núcleo palaciano”
Dilma prepara “núcleo palaciano”
Brasília (AE) - Uma fonte próxima à presidenta eleita, Dilma Rousseff, afirmou à Agência Estado que ela anuncia na próxima semana os nomes dos chamados “ministros palacianos”. O cronograma esboçado por Dilma previa, inicialmente, o anúncio da equipe economia e, na sequência, dos nomes com assento no núcleo duro do governo. As peças ainda estão sendo dispostas no tabuleiro, mas a formação mais provável indicada pela fonte sustenta a hipótese de que Antonio Palocci vá para a Casa Civil e Gilberto Carvalho para a Secretaria Geral da Presidência. O esboço formulado por Dilma Rousseff - que ainda pode sofrer modificações - mantém a pasta de Relações Institucionais sob o comando do ministro Alexandre Padilha.
A se confirmar esse desenho, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, já certo na nova equipe de ministros, assumiria uma pasta fora do Palácio do Planalto. A bolsa de apostas acomoda Bernardo na Previdência Social ou na Saúde. Dilma gostaria de manter Bernardo próximo a ela no Planalto, mas tem dificuldades de recusar eventual pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para nomear Gilberto Carvalho para a Secretaria Geral. Carvalho assumiria com traquejo as funções de Luiz Dulci na interlocução com movimentos sociais. Durante a campanha, coube a ele, que é o atual chefe de Gabinete de Lula, o diálogo com a Igreja Católica, no auge das especulações de que Dilma, se eleita, defenderia a liberação do aborto.
Após o anúncio dos palacianos, a etapa seguinte prevê a divulgação dos chamados “ministros de Estado”: Justiça, Defesa e Relações Exteriores. O nome do deputado José Eduardo Cardozo é quase certo para assumir a pasta da Justiça.
Lula reafirma confiança em Dilma Rousseff
Lula reafirma confiança em Dilma Rousseff
Brasília (AE) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou ontem a sua satisfação em ter conseguido eleger uma mulher para sucedê-lo. Em discurso no Seminário Nacional do Programa de Aquisição de Alimento, em Brasília, Lula fez um apelo para que os movimentos sociais continuem apoiando o governo. “A minha confiança nela (Dilma) é total e absoluta”, afirmou. “Ela vai ser um orgulho para cada mulher, principalmente para as mulheres que não votaram nela”, acrescentou.
Segundo ele, Dilma é a consagração da luta de décadas no País. Lembrou que na década de 70 o mundo de Dilma ruiu, quando ela era uma militante de esquerda, ficou presa três anos e meio e chegou a pensar que o mundo dela tivesse acabado. “Quem torturou ela pensou que tinha acabado com ela na política e deve estar sendo torturado de vê-la na presidência. Imagina o choque que esse cara está tomando por dentro, agora que ela virou presidente da República, sem o ódio que ele tinha, sem querer vingança, só querendo um Brasil melhor.
Ele também deu um conselho à presidenta eleita, que não estava presente ao evento. “Dilminha, na hora do aperto, quando a coisa tiver ficando feia, não vacile, vai para perto do povo. Não tenha medo. Quando não souber o que fazer, pergunte ao povo”, disse o presidente.