SÃO PAULO - Ataques e acusações marcaram o primeiro debate entre os presidenciáveis que disputam o segundo turno, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), promovido pela Rede Bandeirantes na noite deste domingo. A candidata petista foi para o ataque desde a primeira pergunta do debate, quando cobrou do adversário tucano ter sofrido uma "campanha caluniosa" - nas palavras dela - a respeito de sua posição sobre a lei do aborto.
No final do primeiro bloco, Dilma disparou contra Serra afirmando que ele deve esclarecer a questão de Paulo Vieira de Souza, assessor do tucano que, segundo a petista, "fugiu com R$ 4 milhões de sua campanha". O candidato do PSDB não respondeu à questão nem tocou no assunto nos blocos seguintes.
Outro momento em que Dilma foi mais incisiva foi quando a petista cobrou explicações do tucano sobre uma fala da mulher de Serra. "O que não é certo foi sua esposa, a Mônica Serra, falar: 'a Dilma é a favor da morte de criancinhas'", disparou. A candidata do PT concluiu seu ataque afirmando que esse tipo de tratamento traz para o Brasil algo que não é da característica do brasileiro. Segundo Dilma, o Brasil é um país conhecido pela tolerância e pelo convívio de religiões. Serra em nenhum momento respondeu à acusação da petista.
Ao responder à acusação da fazer campanha caluniosa, Serra também criticou a campanha de Dilma. "Até blogs com seu nome fazem ataques a mim e a minha família. É uma campanha bem orquestrada", afirmou. O tucano disse que sua campanha cobra conhecimento dos candidatos, lembrou o escândalo da Casa Civil e acusou a adversária de vacilação na discussão sobre o aborto. "Em relação ao aborto, você disse com clareza que era a favor da liberação do aborto. Isso tem gravado", acrescentou.
Na réplica, a petista rebateu: "a última mentira contra a mim foi porque vocês disseram que minha campanha pediu para abrir sigilo (...) Hoje você é réu por calúnia e difamação", e recomendou ao tucano "cuidado" para não cair numa situação da Lei da Ficha Limpa.
Serra, por sua vez, ironizou mais tarde os apoios dos ex-presidentes Fernando Collor (PTB) e José Sarney (PMDB) à campanha de sua adversária. Dizendo-se surpreso com a agressividade da ex-ministra do governo Lula, Serra defendeu Fernando Henrique Cardoso e Itamar Franco.
Em resposta sobre o programa habitacional "Minha Casa, Minha Vida", Serra afirmou ter ganhado experiência quando foi ministro do Planejamento. Serra relembrou que a "bagunça" na área da habitação veio do governo Collor. "Collor, inclusive, que é um eminente apoiador de Dilma", afirmou prometendo continuar tudo o que tiver que ser continuado.
Em outro momento, citando o processo de capitalização da Petrobras, Dilma perguntou se o candidato do PSDB concorda com a emissão de novas ações, já que, segundo ela, o governo PSDB não teve o mesmo sucesso com a empresa. Ao responder, Serra bateu no PT.
"O PT predica, mas não pratica", disse. "Ela reclama, ou eles reclamam, que foram vendidas ações da Petrobras (no governo FHC). No entanto, não falam do Banco do Brasil que eles venderam na Bolsa de Nova York e inclusive aumentaram a desnacionalização do Banco".
O tucano disse que os fundos de previdência das empresas estatais lideradas pelo PT compraram grande parte da Vale do Rio Doce. "O PT na prática faz outra coisa. O governo Lula privatizou dois bancos e privatizou o saneamento. O PT fala uma coisa e na hora faz outra", disse ironizando. "Sabe qual seria o Brasil do PT? O Brasil do orelhão", afirmou.
A petista rebateu e disse que o país do PT é "o Brasil da banda Larga".