Em carta aberta aos candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), a ex-presidenciável verde, senadora Marina Silva (PV), declarou "independência" no segundo turno das eleições. O PV, por ampla maioria, acompanhou a decisão de Marina e não apoiará formalmente nenhum dos dois candidatos.
Sebastião Moreira/AE - 17.10.2010'Uma posição de independência é a melhor forma de contribuir com o povo brasileiro', disse MarinaA mensagem de Marina foi lida ontem na plenária do PV, realizada na capital paulista. A senadora, que detém um patrimônio de 20 milhões de votos, teceu duras críticas ao PT e ao PSDB pelo tom da campanha no segundo turno. Classificou as duas legendas como "fiadores do conservadorismo renitente".
O apoio do Marina à candidatura da petista Dilma Rousseff ou à do tucano José Serra estava condicionada à convergência de programas de governo. Os verdes, no entanto, consideraram "fracas" as respostas dadas pelas campanhas adversárias à "Agenda por um Brasil Justo e Sustentável" - lista de 42 compromissos pedidos pelo PV.
Apesar do descompasso programático, Marina rechaçou uma postura neutra em relação às candidaturas de Dilma e Serra. Disse que o PT apresentou melhores respostas à demanda verde que o PSDB e acredita que as cartas são o "início de uma conversa".
Contudo, a senadora verde preferiu postular-se como "mantenedora de utopias" e não declarou em quem votará no dia 31 de outubro ou se anulará sua posição nas urnas. "É secreto, me reservo a meu direito de eleitora", esquivou-se.
"Quero afirmar que o fato de não ter optado por um alinhamento neste momento não significa neutralidade em relação aos rumos da campanha. Creio mesmo que uma posição de independência, reafirmando ideias e propostas, é a melhor forma de contribuir com o povo brasileiro", discursou a ex-candidata.
Com essas palavras, que reforçam um provável cenário de terceira via para as eleições presidenciais de 2014, Marina passou a fazer uma crítica ao "caráter dualista" da política nacional. Ela afirmou a existência de uma "ironia histórica" no duelo entre petistas e tucanos.
Na carta, a senadora comparou as disputas entre monarquistas e republicanos, UDN e PSD - que dominaram a política nas décadas de 1940 a 1960 - e MDB e Arena, do período da ditadura, ao embate travado entre PT e PSDB nos últimos 16 anos.
"Dois partidos nascidos para afirmar a diversidade da sociedade brasileira, para quebrar a dualidade existente à época de suas formações, se deixaram capturar pela lógica do embate entre si até as últimas consequências", observou.
Na visão de Marina, o posicionamento "pragmático" dos dois partidos é uma "armadilha para a qual ambos caem e levam o País". "O grande nó está na política, porque é nela que se decide a vida coletiva, se traçam os horizontes, se consolidam valores ou a falta deles", sublinhou.
Ao final, em entrevista coletiva, Marina descartou participação em um futuro governo, independentemente de coloração partidária. "Não é um convite que vai nortear", anotou.
Instruções. Dos 92 membros do PV presentes à plenária de ontem, apenas quatro votaram pelo apoio explícito a Serra ou Dilma, afirmou Maurício Brusadin, presidente do PV paulista.
Dois deles são secretários da Prefeitura de São Paulo: Eduardo Jorge, do Meio Ambiente, e Marcos Belizário, da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida. Completam a lista de dissidentes do posicionamento de Marina a presidente estadual do PV no Espírito Santo, Sidnéia Fontana, e um outro correligionário que não foi identificado pelos presentes.
Sebastião Moreira/AE - 17.10.2010'Uma posição de independência é a melhor forma de contribuir com o povo brasileiro', disse MarinaA mensagem de Marina foi lida ontem na plenária do PV, realizada na capital paulista. A senadora, que detém um patrimônio de 20 milhões de votos, teceu duras críticas ao PT e ao PSDB pelo tom da campanha no segundo turno. Classificou as duas legendas como "fiadores do conservadorismo renitente".
O apoio do Marina à candidatura da petista Dilma Rousseff ou à do tucano José Serra estava condicionada à convergência de programas de governo. Os verdes, no entanto, consideraram "fracas" as respostas dadas pelas campanhas adversárias à "Agenda por um Brasil Justo e Sustentável" - lista de 42 compromissos pedidos pelo PV.
Apesar do descompasso programático, Marina rechaçou uma postura neutra em relação às candidaturas de Dilma e Serra. Disse que o PT apresentou melhores respostas à demanda verde que o PSDB e acredita que as cartas são o "início de uma conversa".
Contudo, a senadora verde preferiu postular-se como "mantenedora de utopias" e não declarou em quem votará no dia 31 de outubro ou se anulará sua posição nas urnas. "É secreto, me reservo a meu direito de eleitora", esquivou-se.
"Quero afirmar que o fato de não ter optado por um alinhamento neste momento não significa neutralidade em relação aos rumos da campanha. Creio mesmo que uma posição de independência, reafirmando ideias e propostas, é a melhor forma de contribuir com o povo brasileiro", discursou a ex-candidata.
Com essas palavras, que reforçam um provável cenário de terceira via para as eleições presidenciais de 2014, Marina passou a fazer uma crítica ao "caráter dualista" da política nacional. Ela afirmou a existência de uma "ironia histórica" no duelo entre petistas e tucanos.
Na carta, a senadora comparou as disputas entre monarquistas e republicanos, UDN e PSD - que dominaram a política nas décadas de 1940 a 1960 - e MDB e Arena, do período da ditadura, ao embate travado entre PT e PSDB nos últimos 16 anos.
"Dois partidos nascidos para afirmar a diversidade da sociedade brasileira, para quebrar a dualidade existente à época de suas formações, se deixaram capturar pela lógica do embate entre si até as últimas consequências", observou.
Na visão de Marina, o posicionamento "pragmático" dos dois partidos é uma "armadilha para a qual ambos caem e levam o País". "O grande nó está na política, porque é nela que se decide a vida coletiva, se traçam os horizontes, se consolidam valores ou a falta deles", sublinhou.
Ao final, em entrevista coletiva, Marina descartou participação em um futuro governo, independentemente de coloração partidária. "Não é um convite que vai nortear", anotou.
Instruções. Dos 92 membros do PV presentes à plenária de ontem, apenas quatro votaram pelo apoio explícito a Serra ou Dilma, afirmou Maurício Brusadin, presidente do PV paulista.
Dois deles são secretários da Prefeitura de São Paulo: Eduardo Jorge, do Meio Ambiente, e Marcos Belizário, da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida. Completam a lista de dissidentes do posicionamento de Marina a presidente estadual do PV no Espírito Santo, Sidnéia Fontana, e um outro correligionário que não foi identificado pelos presentes.
Na prática, no entanto, os filiados ao PV não estão proibidos de fazer campanha para Serra ou Dilma, desde que não portem símbolos do partido em eventos públicos para não causar constrangimento à decisão nacional.
O vice-presidente verde, deputado eleito Alfredo Sirkis (RJ), disse que não há como fiscalizar o cumprimento da definição, amparada por documento interno do partido, mas pediu ajuda da imprensa e de correligionários para identificar traidores.
Para as disputas de governo estadual, onde o partido é coligado e ainda há disputa de segundo turno, o apoio formal será mantido. Enquanto isso, presidentes de diretórios e porta-vozes do PV estão proibidos de declarar voto em Serra ou Dilma até o dia 1º de novembro.