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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O mundo em crise: mas não cai a ficha nem a pose

Black Friday, Cyber Monday, décimo terceiro salário, liquidações, muito consumo e nada de poupança. Nem parece que o mundo vive uma crise econômica à beira de grave recessão. As incertezas apontam para os Estados Unidos e para a Europa – considerados os blocos mais ricos do planeta. O número de sem-teto em Atenas cresceu 25% desde 2008. Assim como nas principais capitais brasileiras, a população de rua aumenta na Grécia, na Itália e na França. Dormem-se nas calçadas e debaixo de viadutos, esticando-se uma folha de papelão e usando um cobertor para espantar o frio. Em Paris, são cada vez mais numerosos os homens ajoelhados nas calçadas exibindo a plaquinha “Eu tenho fome”.
No âmbito mundial, recente estudo do instituto alemão IFO diagnosticou que o Índice de Clima Econômico (ICE) para especialistas de 119 países despencou de 5,4 para 4,3 pontos entre julho e outubro. A falta de confiança nas políticas econômicas dos governos, o déficit público e o desemprego foram considerados os fatores que limitaram o crescimento econômico. Em apenas três meses o planeta passou da fase de boom para a recessão. Por essa metodologia, até a Alemanha – maior economia da Europa – caiu de 4,6 para 2,9 pontos. Nos Estados Unidos, a tendência de recuperação acabou impactada pela piora nas expectativas. Ainda assim, as agências de classificação de risco Moody’s e Fitch mantêm no AAA o rating norte-americano.
O problema para Barack Obama – em plena campanha para se manter na Casa Branca – é que não se sabe até quando o “triple A” será mantido. E qualquer alteração antes das complicadíssimas eleições – com seus delegados e votos por escrito – pode significar que o havaiano será o primeiro a não se reeleger, ao contrário de seus antecessores Bill Clinton (de 93 a 2001) e George W. Bush (2001 a 2009).
Os BRICS – agora com “S” maiúsculo por conta do ingresso da África do Sul – replicaram a tendência mundial. A Rússia e a Índia deixaram a confortável região de indicadores favoráveis (boom) em julho. Em outubro, a Rússia passou para a fase recessiva e a Índia conheceu o declínio. A mesma situação vive o Brasil, segundo o IFO, embora nossos shopping centers lotados digam o contrário.
O declínio do ciclo econômico atingiu também a América Latina que recuou de 5,6 para 4,4 pontos no trimestre analisado em relação ao anterior. Enquanto Brasil, Bolívia, Venezuela e México ocupam as últimas posições do ranking, o Peru deixou o quinto lugar do trimestre passado para liderar o clima econômico da região. Projeções recentes do governo e de especialistas apontam que a economia deste país poderá crescer até 6,5% este ano. Segundo o estudo, carências – como falta de competitividade internacional, de mão de obra qualificada e de confiança nas políticas governamentais – além da inflação e desemprego são os principais problemas enfrentados pelos países latinos.
Esta semana, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, chega ao Brasil com Louboutin nos pés e pires na mão. Vem pedir dinheiro para a União Europeia. Nosso discurso de contrapartida já está pronto: uma maior participação no FMI.
Em tempo: as vendas da Black Friday nos Estados Unidos – na semana passada – foram 16% maiores que no ano passado. Durma com um barulho desse…