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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O ato final de uma vida de mentiras

Kim Jong-il, o assim chamado Querido Líder norte-coreano, não sobreviveu ao ano que se iniciou com a Primavera Árabe. No final, o que o matou não foi seu próprio povo, mas provavelmente as sequelas de um derrame. Ele tinha 69 anos. Sua saúde debilitada estava sendo um segredo oficial e uma ficção transparente— o ato final de uma vida vivida em mentiras desde sua infância.
Ele herdou o poder em 1994, quando seu pai, Kim Il-sung, que era conhecido como Grande Líder, morreu após governar por mais de quatro décadas. Ele presidiu sobre a fome e a repressão. Nos seus anos finais, analistas estrangeiros debateram o prognóstico de Kim Jong-il e, por sua vez, os prospectos futuros do seu povo. Para medir os altos e baixos de sua saúde, observadores se baseavam na dispersão de indícios, incluindo o tamanho e o movimento de suas luvas em vídeo clipes oficiais.
Ele morreu resistindo a um convite de Beijing de tentar reformas econômicas que haviam transformado a China, sua aliada autoritária. Sua nação estava cada vez mais isolada na Ásia em um momento em que um dos últimos regimes desafiantes, Burma, estava fazendo gestos de abertura. A Coreia do Norte raramente esteve tão sozinha quanto estava no final da era Kim. Nos dias à frente, o Querido Líder irá receber um adeus de realeza do governo que o temia e obedecia. Mas a reação do seu povo será o mais importante, e isso pode levar mais tempo para ser discernido. Por enquanto, o trono passou, como o fez para ele, ao seu sucessor escolhido, mas não testado: seu terceiro filho, Kim Jong-un, que está nos seus 20 anos e acordou nesta segunda-feira, 19, com a derradeira responsabilidade de gerir a vida de 25 milhões de pessoas que merecem mais.
Depois do anúncio da morte de Kim Jong-Il, cenas de choro e desespero foram registradas na Coreia do Norte.