O reajuste de 10% na tarifa de transporte urbano de Natal – que entra em vigor hoje - é o sexto maior registrado entre as 12 cidades brasileiras que, segundo a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob), aumentaram os valores da tarifa nos dois últimos meses. A própria Semob publica em seu site uma listagem onde Natal aparece com o reajuste de 10%, ficando atrás apenas de São Caetano (SP), Diadema (SP), São Paulo (SP), Joinville (SC) e Ijuí (RS) , que tiveram reajustes entre 10,5% e 19%.
Protesto dos opcionais percorreu principais avenidas de Natal e dificultou a volta para casa dos trabalhadores da capitalO aumento anunciado de 10% fica bem acima da inflação (IPCA) que acumula um índice de 7,7% nos últimos 18 meses (quando anunciado o último aumento em julho de 2009)
O aumento, foi recebido com surpresa e revolta pelos usuários do sistema de Natal. Nos pontos de ônibus do centro da cidade e Alecrim, poucas pessoas sabiam da decisão do prefeito em exercício, Paulinho Freire, que assinou decreto autorizando o aumento na noite da quinta-feira passada. Usuários julgam o novo valor como abusivo e um desrespeito ao trabalhador. A prefeita licenciada, Micarla de Sousa, afirmou em novembro de 2009, durante a crise que culminou na exoneração do então secretário de Mobilidade Urbana, Renato Fernandes, que os custos repassados aos usuários só sofreriam reajustes se houvessem melhorias significativas no sistema de transporte coletivo urbano, o que é hoje, questionável.
O decreto que autoriza o aumento da passagem a partir deste sábado, foi publicado no Diário Oficial do Município ontem. “Não sou de acordo. A infraestrutura dos transportes é péssima, as empresas não oferecem linhas de ônibus suficientes e não há, no mínimo, segurança dentro dos coletivos”, comenta a empregada doméstica Carmem Célia da Rocha. Moradora do bairro Cidade Nova, zona Oeste.
Um dos argumentos utilizados pela Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob), através do seu titular, Marco Antônio dos Santos, é a instalação de sistemas de localização via satélite (GPS) em toda a frota. Além disso, mais 24 novos ônibus serão incorporados às linhas que circulam na capital de acordo com a necessidade apontada pela própria Semob aos empresários do setor. Não existe, entretanto, data definida para a implementação das “novidades”.
O secretário explicou que todo o processo de discussão sobre o aumento da passagem tinha o conhecimento da prefeita Micarla de Sousa. Ele explicou que a prefeita cobrou dos auxiliares que realizassem a discussão sobre o aumento da tarifa de forma transparente e buscassem o melhor valor para a população, além das melhorias no serviço.
“A prefeita determinou que, se chegássemos à definição de majorar a tarifa, que nós condicionássemos às melhorias, que foram as incorporações dos GPs e os novos 24 ônibus”, explicou. Os benefícios, contudo, devem demorar até seis meses para serem implantados.
Apesar do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros do Município do Natal (Seturn) ter aceitado a colocação destes ônibus em circulação, somente o Executivo é quem sinalizará a necessidade de instalação. O secretário, por outro lado, não vê urgência para a disponibilização dos novos veículos. “Estamos demandando que o Seturn vai ter que estender linhas em algumas áreas com expansão imobiliária, como o Planalto. Vamos garantir a ampliação do serviço”.
Um outro ponto que culminou no aumento da tarifa foi a aprovação da instalação de aparelhos de GPS em todos os transportes coletivos. Com o aparelho, os fiscais da prefeitura poderão acompanhar os horários, trajetos dos veículos e cumprimento destes. Marco Antônio informou, porém, que o prazo para aquisição e instalação dos aparelhos é de 120 dias. “Mas nada impede que isso seja realizado antes”, ponderou.
Ele acredita que a população vai entender o aumento da tarifa devido à intenção da Prefeitura em melhorar o serviço e fazer com que o preço seja justo para usuários e empresários.