Diante da perspectiva de comandar o Ministério das Comunicações, o PT  planeja desalojar o PMDB da direção da Empresa de Correios e Telégrafos  (ECT). O pedido será encaminhado pela cúpula do partido à presidente  eleita, Dilma Rousseff.   
A ideia, no entanto, é passar um verniz de ‘desloteamento’ político  nos Correios para apresentar a reivindicação como uma tentativa de  profissionalizar a estatal, alvo de uma sucessão de crises nos últimos  meses.
A direção do PT aposta que o futuro ministro das Comunicações será  Paulo Bernardo, atual titular do Planejamento, e já começou a vasculhar  uma das chamadas joias da coroa. 
Há apenas quatro meses na presidência dos Correios, David José de  Matos foi indicado pelo deputado Tadeu Filipelli (PMDB-DF),  vice-governador eleito do Distrito Federal, mas também é amigo de  Erenice Guerra, a ministra da Casa Civil que caiu em setembro, no rastro  de acusações de tráfico de influência na pasta.
Mapa. Uma comissão formada por seis dirigentes do PT  já começou a fazer o mapeamento dos cargos federais. A equação não é  fácil de ser fechada porque o PT da presidente eleita Dilma Rousseff e o  PMDB do futuro vice-presidente, Michel Temer (SP), dão cotoveladas em  busca dos principais assentos para demarcar seus respectivos  territórios. 
O Ministério das Comunicações está sob controle peemedebista e a  sigla só aceita abrir mão do pasta se levar Transportes, hoje  capitaneado pelo PR.
O assunto foi avaliado na segunda-feira, 29, em reunião de Dilma com o  presidente do PT, José Eduardo Dutra, e o deputado Antonio Palocci,  futuro chefe da Casa Civil. Desde setembro Bernardo atua como uma  espécie de interventor nos Correios e faz um diagnóstico dos problemas  da empresa, que não são poucos.
Banco do Brasil. Além de ocupar a cadeira mais  importante dos Correios, o partido de Dilma também quer trocar o  presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendini. A maior instituição  financeira do País tem ativos de R$ 725 bilhões. Sem levar em conta o  PMDB, que está de olho na presidência do Banco do Brasil, uma ala do PT  pretende emplacar ali o atual secretário de Política Econômica, Nelson  Barbosa.
Em conversas reservadas, porém, interlocutores de Dilma admitem que a  escolha será resultado de uma disputa de bastidores entre Palocci e o  ministro da Fazenda, Guido Mantega, mantido no cargo. Tanto Mantega como  Palocci, ex-ministro da Fazenda de 2003 a 2006, têm influência no  banco.
Bendini chegou à cúpula do BB na cota do presidente Luiz Inácio Lula  da Silva, mas até no Palácio do Planalto há quem defenda a sua saída,  sob a alegação de que ele "não atende" as demandas políticas. Barbosa,  por sua vez, tem cativado as tendências do PT. 
Na sexta-feira, o secretário fez uma exposição sobre a conjuntura  econômica durante seminário promovido pela chapa petista "O partido que  muda o Brasil" e encantou os espectadores com seu discurso na linha  desenvolvimentista. A portas fechadas, Barbosa disse que a maior  preocupação, no governo Dilma, é como manter o processo de crescimento  com o cenário internacional adverso.
Apesar da cobiça do PMDB, a presidente da Caixa Econômica Federal  (CEF), Maria Fernanda Ramos Coelho, deve ser mantida no posto. 


